Todos sabemos que os bancos ganham muito dinheiro aqui no Brasil. Eles apresentam seguidos recordes de lucro, mesmo em tempos de crises econômicas. Um dos motivos para isso é o alto spread bancário em nosso país.
O Brasil tem um dos três maiores spreads bancários entre todos os países do mundo. Mas, talvez você ainda não saiba exatamente o que é isso e o impacto que pode ter em nossas finanças pessoais, certo?
Por isso, o Notícia Oficial preparou este guia exclusivo para você entender de forma simples o que é o spread dos bancos e como ele pode afetar o seu dinheiro. Vamos conferir?!
O que é spread bancário?
Basicamente, spread bancário é a diferença entre os juros que as instituições financeiras pagam ao pegar dinheiro “emprestado” com seus clientes e quanto eles cobram ao emprestar dinheiro para pessoas físicas e jurídicas.
É a diferença percentual de quanto o banco te paga por seus investimentos, como CDBs ou mesmo por deixar seu dinheiro na poupança, e o quanto ele ganha emprestando este mesmo dinheiro para outras pessoas, que usam o cheque especial ou fazem empréstimos, por exemplo.
Assim, podemos dizer que o spread define quanto os bancos lucram com suas operações, como empréstimos e financiamentos, bem como quanto cobram pelo crédito oferecido.
O Brasil está no pódio dos países com maior spread bancário, tendo ficado atrás apenas de Madagascar em um recente levanta0mento realizado.
Esse spread alto, entre outros fatores, está ligado à alta taxa básica de juros, a Selic, assim como a alta taxa de inadimplência.
O spread varia dependendo do tipo de operação bancária, levando em conta fatores como a complexidade e o risco da mesma para a instituição financeira.
Para que serve o spread bancário?
Entre outras coisas, o spread serve para que os bancos cubram os valores em suas operações, pesando todos os problemas que podem acontecer.
Garante também que as instituições financeiras obtenham lucro nas suas operações de crédito. Confira a seguir todas as suas serventias:
- Para cobrir o valor dos serviços oferecidos pelos bancos
- Cobre possíveis problemas em empréstimos, como atraso e inadimplências
- Cobrir as despesas administrativas das instituições financeiras
- Para cobrir o valor pago pelos bancos em encargos ao governo
- Garantir uma margem de lucro para as instituições financeiras durante suas operações
Como funciona o spread bancário?
Como citamos, o spread bancário leva em consideração diversos fatores, dentre eles se destaca a alta taxa de inadimplência e a dificuldade para execução legal das dívidas no país.
O valor da taxa básica de juros, a Selic, determinada pelo Copom, também influencia no valor cobrado em juros pelas instituições financeiras.
Por conta deste e de outros fatores macroeconômicos ligados ao momento do país e do mundo, o spread pode aumentar ou diminuir.
Ele é importante por afetar diretamente o nosso bolso, pois, como citamos, quanto maior o spread, mais caro fica o crédito para pessoas e negócios.
As linhas de crédito e os financiamentos mais caros podem até ser um entrave para o crescimento econômico, dificultando aporte financeiro para novos negócios.
Ainda que seja determinante para que os bancos obtenham lucro em suas operações, o spread bancário é composto por diversos outros fatores.
Qual é a composição do spread bancário?
Os spreads das instituições financeiras são compostos por diversos fatores, como as despesas para o funcionamento, encargos tributários, alta taxa de inadimplência no país, margem de lucro e afins. Confira cada um deles a seguir!
Despesas administrativas
As despesas administrativas são os custos gerais para a administração, organização e manutenção do bom funcionamento das instituições financeiras de maneira geral.
Nestas despesas entram o custo da folha de pagamento, os encargos trabalhistas e todo o valor investido na atuação diária dos seus funcionários.
Os gastos com estrutura física, equipamentos, tecnologia, com a operação logística em geral para funcionamento e atendimento ao cliente também entram no cálculo.
Investimento em inovação, capacitação, ampliação de serviços e atendimento, em verbas publicitárias, entre outros gastos estão dentro das despesas administrativas.
Impostos
Os impostos pagos pelos bancos, sobretudo ao Governo Federal, por sua atuação e operação também entram no cálculo do spread bancário.
O PIS/Cofins, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) são os principais impostos pagos.
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Encargos compulsórios e FGC
Também compõe o spread a contribuição ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é a garantia que o banco dá aos clientes de ressarcimento em caso de quebra do mesmo.
Os depósitos compulsórios exigidos pelo Banco Central do Brasil (Bacen) às instituições financeiras para cumprimento da política monetária também entram na conta.
Inadimplência
O Brasil tem uma alta taxa de inadimplência, ou seja, de pessoas e empresas que não pagam o que devem. E boa parte deste total é devido aos empréstimos e financiamentos feitos em bancos.
Além disso, aqui é um dos países onde é mais difícil se receber, com baixa taxa de execução judicial das dívidas através de bens, por exemplo.
Com isso, as instituições financeiras, em geral, colocam em seu spread o alto risco de não receber de volta o valor concedido através de empréstimos.
Margem de lucro
Após abater os custos para o funcionamento das atividades, valores pagos em encargos e impostos, além do risco das operações em si, chega a hora do lucro.
A margem de lucro dos bancos também é componente do spread bancário. O valor excedente das operações, após reinvestimentos, é distribuído para os seus acionistas.
Porque o spread dos bancos é alto no Brasil?
Nosso país tem um dos spreads mais altos do mundo por diversas razões, que passam por questões estruturais, governamentais, do mercado e da atuação dos próprios bancos.
Listamos a seguir os principais fatores que explicam o spread ser tão alto no Brasil, como concentração bancária, alta taxa de endividamento, juros elevados, margem de lucro grande, entre outros. Confira!
Altas taxas de inadimplência
A taxa de inadimplência no Brasil é muito alta. Segundo levantamento realizado pelo Serasa, são mais de 66 milhões de brasileiros negativados com dívidas.
Deste montante, a maioria das dívidas, totalizando 28,8%, é com produtos bancários, como empréstimos, financiamentos e faturas de cartões de crédito.
O alto número de pessoas inadimplentes faz com que a segurança para liberação crédito no país seja cada vez menor, aumentando o valor cobrado.
Com isso, o valor não pago pelos inadimplentes entra no cálculo do spread e aumenta os juros para concessão de crédito para outras pessoas.
Concentração bancária
O fato de não haver uma concorrência tão grande no setor, apesar da chegada importante dos bancos digitais, também contribui para o alto spread bancário.
A concentração da maior parte dos empréstimos e financiamentos em apenas cinco grandes bancos faz com que o valor cobrado seja elevado no país.
É mais do que comprovado que quanto maior a concorrência, maior é a tendência de queda dos preços cobrados pelos serviços em geral.
Por isso, o fortalecimento de concorrentes no mercado, como fintechs e bancos digitais, pode contribuir para que as taxas diminuam com o passar do tempo.
Juros e inflação em alta
O Conselho de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros, a Selic, para os atuais 13,75% em agosto deste ano de 2022.
Com os vários aumentos realizados nos últimos tempos e com a tendência de novas altas na Taxa Selic, o crédito fica mais caro.
Além disso, como alguns investimentos oferecidos pelos bancos estão atrelados à Taxa Selic, com o aumento da mesma, a remuneração também se eleva.
Com isso, o banco aumenta ainda mais os valores cobrados por empréstimos contratados, para não diminuir suas margens de lucro.
A inflação alta presente no país, também é fator importante. Como o dinheiro perde valor rapidamente, os bancos emprestam com juros mais altos, para compensar o prazo para o recebimento.
Tributação elevada
A alta carga tributária brasileira é outro fator que de certa forma contribui para as altas taxas dos spreads bancários no Brasil, uma vez que os bancos pagam os impostos e depois recuperam o valor através de juros.
Além disso, há o Imposto sobre Operações Financeira (IOF), onde o pagamento fica a cargo dos clientes em qualquer operação realizada, como empréstimos e parcelamento no cartão, por exemplo.
Os impostos e encargos sobre as instituições financeiras e suas operações sendo relativamente altos, também aumenta o spread, pois o valor é repassado aos clientes.
Crédito bancário direcionado
O Crédito Direcionado é o empréstimo fornecido por bancos públicos para pessoas físicas e jurídicas, com finalidades específicas.
Eles englobam os empréstimos como os feitos pelo BNDES, além do crédito rural e o do financiamento habitacional.
Alguns especialistas acreditam que o elevado volume de créditos direcionados reduz o volume disponível para os investidores, o que resulta em menos capital para outras atividades.
Segundo economistas, o resultado é o aumento dos juros em geral, o que seria mais um fator a impactar no alto spread bancário no Brasil.
Lucro excessivo
Apesar de todos os outros fatores existentes que citamos anteriormente, alguns especialistas defendem que muitos bancos brasileiros têm lucros excessivos.
Eles apontam isso ao analisar a grande taxa de lucro de diversos bancos brasileiros e ao fazer comparações com a realidade das instituições financeiras em outros países.
De fato, a margem de lucro é um fator importante no spread bancário em nosso país e a prova disso são os seguidos recordes de lucro do setor, bem superiores que outros.
Qual a relação do spread bancário com a Selic?
O spread bancário tem relação direta com a Selic, pois quanto mais alta a taxa básica de juros, maior os juros sobre o crédito.
Além deste impacto direto, há outro fator a ser pesado. Quanto mais alta a Selic, maior o valor a ser pago nos investimentos da renda fixa.
Assim, o banco passa a pagar mais aos clientes que fizeram investimentos com ele e, por conta disso, acabam aumentando os juros no uso e contratação de crédito de outros clientes, a fim de equilibrar a balança.
Dá para diminuir o spread dos bancos?
Há algumas coisas que podem ser feitas para a diminuição do spread bancário, desde ações governamentais e mudanças no mercado em si.
Por parte do governo e do Banco Central, algumas ações poderiam diminuir o spread dos bancos, como a diminuição da taxa básica de juros.
Uma regulamentação diferente por parte do Bacen sobre o modelo de crédito vigente no Brasil também poderia levar a uma diminuição.
A diminuição dos tributos e melhores formas de cobrança e execução das dívidas dos inadimplentes também faria baixar o spread bancário.
Um mercado com mais concorrentes poderia forçar uma diminuição, uma vez que mais bancos em condição de oferecer linhas de créditos com taxas mais competitivas puxaria a média para baixo.
A concorrência ajuda qualquer setor a oferecer melhores serviços e preços aos seus clientes e não seria diferente com as instituições financeiras.
Como fugir do alto spread bancário?
O ideal é que as pessoas não precisassem recorrer a empréstimos, mas, por vários motivos, a realidade no dia a dia é outra.
Com tantos problemas econômicos, muitas vezes é necessário fazer um empréstimo, usar o limite do cheque especial, passar compras parceladas no cartão, enfim, para resolver problemas urgentes.
Mas, a boa notícia é que iremos mostrar abaixo opções de crédito que podem fazer você conseguir fugir das altas taxas de juros cobradas no empréstimo pessoal. Confira!
Empréstimo consignado
Disponível para servidores públicos efetivos e para aposentados e pensionistas do INSS, o empréstimo consignado tem taxas bem menores.
Esse valor de juros é reduzido por conta da instituição financeira ter garantia do pagamento, já que o valor das parcelas do empréstimo é descontado direto do salário ou aposentadoria da pessoa, ou seja, não tem como não pagar.
Para quem não é funcionário público federal, estadual ou municipal e nem aposentado/pensionista da Previdência Social, há outras alternativas, como os empréstimos com garantia.
Além disso, nos empréstimos em que há garantia de pagamento, a taxa de inadimplência é praticamente nula, o que indiretamente leva à um menor spread.
10 EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS FÁCEIS DE APROVAR
Saque do FGTS
Uma saída para quem precisa de empréstimo rápido e barato é o saque-aniversário do FGTS. Essa modalidade de empréstimo tem taxas menores que as tradicionais.
Isso acontece porque neste modelo o banco tem a segurança que receberá o valor emprestado e por conta disso, cobra juros bem mais baixos.
O empréstimo de antecipação do FGTS pode ser solicitado por quem trabalha ou trabalhou com carteira assinada e tem dinheiro suficiente nas contas do fundo.
Várias instituições financeiras, como bancos físicos, bancos digitais, fintechs e financeiras oferecem essa modalidade de crédito mais barata e fácil de conseguir.
Caso você tenha se interessado e queria saber mais detalhes de como solicitar, confira o nosso material completo sobre empréstimo com FGTS.
Antecipação de valores a serem recebidos
Para quem precisa de um dinheiro com certa urgência, mas num montante menor, a antecipação do 13º salário e da restituição podem ser opções interessantes.
Várias instituições financeiras oferecem esse tipo de crédito com juros bem abaixo das altas taxas praticadas no modelo de empréstimo pessoal tradicional.
Você pode conferir de forma detalhada como funciona a antecipação da restituição de Imposto de Renda e antecipação 13º salário em nossos guias.
Cadastro Positivo
Adotado de forma bem sucedida em mais de 70 países ao redor do mundo, o Cadastro Positivo é uma ferramenta que pode, entre outras coisas, auxiliar na hora da concessão de crédito.
Ter o seu Cadastro Positivo ativo pode diminuir a taxa do spread bancário, uma vez que pessoas com score de crédito mais alto, geralmente, pagam menores juros, considerando que o risco de ficarem inadimplentes é menor.
Assim, através do seu Cadastro positivo, as instituições financeiras vão poder fazer uma análise mais criteriosa, como mais informações sobre seus hábitos enquanto consumidor.
Conhecendo seu histórico de consumo e pagamento, os bancos podem oferecer taxas de juros personalizadas, com menos juros considerando um menor risco de inadimplência.
Com um bom histórico, a pessoa terá acesso ao crédito com juros reduzidos, enquanto quem representa mais riscos, pagará mais ao banco pelo crédito contratado.
Passo a passo de como calcular o spread bancário
Agora que já sabemos basicamente o que é e como funciona o spread bancário, é hora de vermos como ele pode ser calculado, certo?
Há uma forma simples de se calcular quanto um banco está ganhando nas suas operações. Para chegar ao spread, basta seguir estes passos simples.
Desta forma, você vai chegar ao chamado “spread aditivo”, que é o cálculo da diferença entre a taxa de captação e a de crédito.
Para isso, você deve buscar os seguintes dados:
- Rentabilidade das aplicações (ou de uma aplicação específica) oferecidas pelo banco
- O valor cobrado pelo banco em média em suas linhas de crédito ou em uma modalidade de crédito específico
- Tendo acesso aos valores percentuais, é hora de fazer o cálculo da maneira exemplificada abaixo
Se o banco, por exemplo, oferece um investimento com rendimento de 15% ao ano e cobra juros por de 40% ao ano por um empréstimo, o spread aditivo dela é calculado da seguinte maneira:
40% (porcentagem cobrada pelo empréstimo) – 15% (valor pago pelo investimento) = 25% (spread bancário).
No exemplo, o spread seria de 25%. Neste percentual, além do lucro da instituição financeira, estão embutidos os gastos do banco e impostos pagos.
Cálculo do spread bancário pelo Banco Central
O Bacen costuma apresentar a decomposição do custo do crédito no Brasil por meio do Indicador de Custo do Crédito (ICC).
O ICC estima o custo médio de todas as operações de crédito vigentes em um dado momento, independentemente da data de contratação do crédito.
No relatório do Bacen, é apresentada a decomposição do spread, que é a diferença do indicador do custo de crédito e do custo de captação.
Com isso, é possível entender qual é o spread médio no país e os principais motivos dos bancos utilizarem tais valores.
O spread bancário em 2021 ficou fechado em 15,8% e já subiu ao longo deste ano de 2022, sendo puxado, principalmente, pelos altos juros cobrados em empréstimos para pessoas físicas.
Qual o impacto do spread bancário em nosso dia a dia?
Como mostramos ao longo do texto, o spread é a diferença entre a taxa média que os bancos pagam para captar dinheiro e o valor que os mesmos cobram para emprestar.
Essa diferença é composta por vários fatores, como os custos de manutenção dos serviços, operação, cobrir o risco de inadimplência e a margem de lucro.
Com o spread bancário no Brasil sendo um dos maiores do mundo, seu impacto é sentido no dia a dia de boa parte dos brasileiros.
Com o crédito caro pelo alto spread bancário através de juros altos, há a tendência de aumento de endividamento das pessoas que fazem empréstimos.
Além disso, ele dificulta que micro e pequenos empreendedores façam investimentos, ao ter taxas altas para conseguirem dinheiro junto aos bancos para investirem.
O que, além de dificultar para alguns empreendedores, pode atrapalhar o aquecimento da economia como um todo, com geração de menos empregos.
Fique atento aos conteúdos do Notícia Oficial
Agora você já entende melhor o funcionamento e impacto do spread bancário, bem como algumas saídas para não gastar mais por causa dele, certo?
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