Não é de hoje que o valor da cesta básica dá o que falar, especialmente entre aqueles que vivem com até dois salários mínimos. Segundo uma pesquisa realizada na Universidade de Campinas, baseado em dados do IBGE, entre os brasileiros assalariados as despesas com alimentação representam aproximadamente 46% da renda mensal em média, enquanto que nas famílias mais ricas esse gasto corresponde a apenas 5%.
Além disso, no mês de janeiro agora a situação ficou ainda mais preocupante, pois segundo o último estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) os gastos com a cesta básica comprometeram mais de 50% do orçamento mensal de quem recebe até um salário.
Das 17 capitais brasileiras pesquisadas, em 11 delas o valor referente à alimentação básica (arroz, feijão, café, açúcar, leite e etc.) ultrapassou metade da remuneração mensal dos brasileiros. Dentre essas, o valor da cesta básica SP foi o mais caro (cerca de 65% do salário mínimo). Nas capitais de SC, RS, RJ, ES e DF o preço também ficou acima da média, representando 60% da renda do trabalhador assalariado.
Então, podemos dizer que o brasileiro está bem preocupado, ainda mais em época de crise financeira como estamos, onde há muitos desempregados e uma pandemia interferindo negativamente na economia mundial. Ou seja, está difícil para o trabalhador lidar com todas as despesas do mês com o salário mínimo atual, pois segundo dados, o reajuste do salário não acompanhou a inflação no Brasil, infelizmente.
Quer saber mais sobre o assunto? Quer entender porque o valor da cesta básica no Brasil está tão caro? Deseja ver quais foram os alimentos que mais aumentaram de preço? Não tem problema, pois preparamos este guia justamente para esclarecer as suas dúvidas sobre o assunto! Vamos lá?!
Porque o valor da cesta básica aumentou tanto?
Somos um país produtor dos mais variados alimentos e com isso seria de se esperar que os preços fossem mais baratos, não é mesmo? Bom, na prática não é bem assim… Como temos uma taxa de exportação alta, o comércio externo acaba interferindo nos preços internos (importação).
A variação do dólar é um bom exemplo para justificar o valor médio da cesta básica ter aumentado. Com o dólar em alta, o Brasil acaba vendendo mais produtos para outros países (exportação). Isso é ótimo no sentido que movimenta a economia brasileira, porém, para nós brasileiros tem uma consequência.
O que acontece é justamente um aumento na inflação, onde o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro registrou uma alta de 1,02% no preço de alimentos e bebidas.
Mas, a terrível inflação não é a única responsável pelo aumento no valor de cesta básica…
Mesmo que a maior parcela do que é produzido aqui no Brasil seja destinada ao consumo interno, o sistema de logística e produção é muito regionalizado.
Isso significa que, basicamente, cada estado brasileiro é responsável pela produção de um alimento em específico.
Por exemplo, a região sudeste é famosa pela grande produção de café, o que representa 95% da produção brasileira.
Assim, como nos demais estados, a logística de produção, o beneficiamento e a distribuição dos alimentos no comércio interno faz com que os preços se elevem.
Principais alimentos que tiveram variação no valor da cesta básica
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Açúcar
Não é novidade para os brasileiros que o açúcar está caro há tempos, não é mesmo? Mas, saiba que o valor médio em janeiro se elevou em 12,58% em 15 cidades brasileiras.
O motivo disso está na entressafra (período entre o fim da colheita e o início da nova produção).
Isso significa a lei da oferta e demanda, ou seja, temos uma menor quantidade do produto nas prateleiras e o consumo brasileiro não diminui.
Mas, além disso, o preço também foi afetado pela pressão que as usinas estão mantendo para manter a cotação no valor atual.
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Banana
A banana também ficou mais cara em janeiro, tendo um aumento de 20% no preço médio em 15 capitais brasileiras.
Especialmente a banana nanica e a prata também entraram no período de entressafra, assim como o caso do açúcar.
Assim, como a oferta da fruta diminui nos mercados e feiras, o preço se eleva.
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Batata
A batata também é um alimento muito consumido aqui no Brasil e claro que também sofreu oscilações no preço.
A diferença aqui é que o preço do quilo da batata oscilou bastante, tendo alta de mais de 18% e momentos em que o valor médio baixou mais de 10%.
Nos estados de SC, PR e MG, mesmo com a intensificação da safra, as chuvas recorrentes prejudicaram a produção do alimento, fazendo com que o preço aumentasse.
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Carne bovina
A carne bovina também teve bastante oscilação no preço médio, aumentando mais de 6% em determinados momentos e diminuindo até 3% em outros.
Para os especialistas, o aumento no preço do quilo da carne está associado a maior demanda externa e a baixa disponibilidade de animais para o abate.
Além disso, o fim do auxílio emergencial também interferiu na baixa do preço. Com a diminuição na renda, os brasileiros tiveram que readaptar o cardápio, priorizando os alimentos básicos como arroz e feijão e deixando a carne de lado.
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Feijão
O aumento no preço do feijão também interferiu no valor da cesta básica brasileira, afinal, esse é um dos alimentos mais consumidos por nós.
O preço se elevou em até 9% no mês de janeiro e um dos principais motivos para isso é a interferência climática na produção.
Além do mais, com a menor produção do alimento no país, grãos importados foram colocados no comércio brasileiro, elevando ainda mais o preço médio.
Conclusão
Bom, infelizmente o valor da cesta básica no Brasil não está nada atrativo para o bolso do trabalhador, mas não podemos nos desesperar.
Os últimos levantamentos mostraram que a inflação brasileira está diminuindo e com isso, espera-se que os preços voltem a baixar.
Além disso, para não comprometer tanto a sua renda mensal, podemos pensar em algumas substituições, concorda?
Se o feijão está caro, que tal diversificar para uma lentilha? Se a banana não está acessível, aproveite outras frutas da estação, enfim.
Quanto mais você pensar na hora de ir às compras, menos o valor da cesta básica irá afetar o seu orçamento!