Ford encerra suas atividades no Brasil

A empresa Ford anunciou que irá fechar as fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), mas continuará comercializando os modelos importados aqui no país

Homem de negócios conversando com funcionário em fábrica de automóveis

A gigante Ford nesta segunda-feira (11/01/2021) anunciou que irá encerrar a produção de automóveis em suas fábricas instaladas aqui no Brasil, após um século de atividades no país.

Com a decisão, a fabricante de automóveis multinacional encerra suas atividades em:

  • Camaçari (BA): fábrica onde se produzia o Ford Ka e Ford Ecosport;
  • Taubaté (SP): fábrica onde produziam os motores e transmissões;
  • Horizonte (CE): fábrica onde se produziam jipes da marca Troller.

A empresa fechou 2020 em alta, sendo considerada a quinta fabricante que mais vendeu carros no Brasil, com 7,14% do mercado. 

Contudo, declarou que mesmo com a produção encerrada, continuará comercializando veículos no país (agora importados de países como Argentina e Uruguai), tais como:

  • Ford Bronco
  • Ford Maverick
  • Ford Mustang
  • Ford Ranger
  • Ford Territory
  • Ford Transit

Com relação aos clientes da marca, a empresa assegurou que todos continuarão contando com os serviços de manutenção e garantia, não devendo se preocupar com isso.

Isso porque a Ford não irá abandonar totalmente o país, já que será mantido o Centro de Desenvolvimento de Produto, instalado na Bahia, o campo de provas e a sede administrativa para a América do Sul, ambos localizados em São Paulo.

Motivo da decisão do fim da Ford no Brasil

Em nota oficial, a empresa disse que a decisão de encerrar a produção de veículos no país sofreu grande influência devido à pandemia.

A Ford alega que: “a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

A instabilidade econômica no país causou um prejuízo em 2020 de US$ 600 milhões, sendo montados apenas 140 mil carros, do total de 250 mil esperados.

Além disso, segundo a Anfavea, a empresa vendeu aqui no país ano passado apenas 119.454 automóveis, uma queda de cerca de 40% quando comparado aos resultados de 2019. 

Em carta a rede Globo, a fabricante ressaltou que desde a crise econômica no ano de 2013, a empresa na América do Sul acabou acumulando perdas significativas.

Além disso, afirma que a matriz, situada nos Estados Unidos, é quem tem ajudado a suprir as necessidades de caixa, o que não é nada produtivo para as finanças da empresa.

Outro motivo que ficou bem explícito foi de que com a desvalorização recente da moeda brasileira, os custos para a produção dos veículos só aumentaram. 

Assim, com um maior custo industrial, aliado a pandemia, a ociosidade nas linhas de produção e a diminuição nas vendas, não se teve outra alternativa do que o encerramento das atividades no Brasil.

Mas, a empresa, em comunicado a seus revendedores, afirma que a decisão só se tornou efetiva após inúmeras tentativas para mudar a situação, utilizando de estratégias como a venda de ativos.

Impacto do encerramento das atividades no país

De acordo com os números, cerca de 5 mil funcionários serão afetados com o fim das atividades da Ford no Brasil.

Do total de 6.171  trabalhadores brasileiros na empresa, 830 são da unidade de Taubaté já foram demitidos imediatamente nesta quarta-feira, assim como os da instalação de Camaçari. 

Apenas a unidade de Horizonte, que atualmente conta com cerca de 470 funcionários, continuará em funcionamento. Mas, o encerramento total das atividades é previsto para o último trimestre de 2021.

Entretanto, segundo os especialistas, o impacto na vida dos brasileiros vai muito além desses 6.171  trabalhadores diretos.

Se contar os funcionários indiretos, fornecedores, revendedores, parceiros e outros envolvidos, estima-se que mais de 70 mil pessoas sejam afetadas com a decisão.

Mas, a fabricante disse que esta pensando em medidas para minimizar os impactos do fechamento da operação brasileira.

No entanto, vale destacar que desde a nova reestruturação, em vigor desde 2019, a Anfavea vem alertando sobre a ociosidade local e global e a falta de medidas que diminuam os custos no Brasil.

Para analisar a situação, o Ministério Público Federal abriu um procedimento administrativo, a fim de avaliar os prejuízos decorrentes da decisão da Ford.

Segundo os integrantes do MPF, o fechamento de fábricas da Ford no Brasil irá gerar grandes impactos, especialmente no setor industrial.

É de se esperar que aconteça a diminuição dos níveis de renda e emprego no país, afetando gravemente a economia.

Mas, para além dos impactos econômicos, provavelmente, haverá uma potencial repercussão no nível concorrencial do mercado de veículos.