O Banco Central anunciou semana passada que iria aumentar a taxa Selic de 2% ao ano para 2,75. Com isso, os juros em alta podem influenciar o mercado brasileiro, principalmente com relação aos empréstimos de dinheiro, que ficarão mais caros e consequentemente menos pessoas se beneficiaram desse tipo de crédito.
Segundo os economistas de plantão, esse reajuste na taxa básica de juros da economia brasileira irá afeitar mais o crédito pessoal e compras parcelas, como é o caso dos empréstimos pessoais e os parcelamentos no cartão de crédito. Financiamentos imobiliários ou de veículos e empréstimo consignado deverão sofrer um pouco menos.
Mas, para pensar nesse contexto de juros, é preciso considerar que estamos passando por uma crise financeira, devido a pandemia, os altos números de desemprego, a redução de salários, a inflação “subindo as paredes”, enfim. Assim, segundo os especialistas, com os maiores juros, a tendência é agravar a situação econômica dos brasileiros.
Então, em resumo, podemos dizer que com a taxa de juros em alta, será necessário pensar com cautela na hora de usar o cartão de crédito, comprar parcelado no famoso carnê, solicitar empréstimos e até mesmo dar entrada no financiamento da casa dos sonhos. Vamos conferir mais sobre cada um desses casos a seguir?!
Taxa de juros em alta em meio a crise
A estratégia de aumentar para 2,75% ao ano a Selic foi muito bem pensada, considerando o atual cenário em que a taxa básica de juros estava em queda histórica. Mas, saiba que o Banco Central já anunciou que irá aumentar novamente os juros. A previsão de aumento é para o mês de maio e deve ficar em 3,5% ao ano.
Achou muito? Pois, saiba que segundo os especialistas no mercado financeiro, é esperada uma taxa Selic de 6% até o fim do ano. Mas, então, como isso afeta o seu dia-a-dia? Será que vai ficar pior mesmo ou podemos nos beneficiar dos juros em alta?
Bom, de acordo com Rafael Schiozer (Dr. em Finanças pela University of Washington), a elevação da Selic em meio à essa crise fará com que os bancos sejam mais seletivos ao renovar financiamentos ou conceder empréstimos.
O motivo é simples: com o agravamento da pandemia e da crise financeira ao longo do ano, a renda de muitos brasileiros irá cair drasticamente.
Assim, ficará mais difícil quitar parcelas com juros altos e consequentemente, os bancos serão mais rigorosos na hora de conceder crédito.
Empréstimos serão limitados com os juros em alta
Segundo Everton Gonçalves (superintendente econômico da Associação Brasileira de Bancos), já é menor a procura por empréstimo nesse primeiro trimestre do ano aqui no país.
No mês de Janeiro de 2020 foram concedidos cerca de R$184 bilhões em empréstimo. Em Janeiro deste ano, emprestou-se apenas R$165,6 bilhões.
Além do mais, há outros fatores que irão impactar na procura por crédito extra, como a carga tributária e a maior inadimplência.
Com maiores impostos sobre o dinheiro emprestado e a maior taxa de atrasos no pagamento ou até mesmo inadimplência, o custo do crédito encarecerá.
Mas, nem tudo é notícia ruim, pois dependendo da modalidade de empréstimo, os juros não influenciarão tanto. Quem irá sofrer mais com os juros em alta serão as pessoas que pedirem crédito pessoal ou sem garantia.
Por isso, podemos dizer que sim, a alta da Selic impactará a oferta de crédito, mas será de forma diferenciada.
Influência dos juros dependerá do tipo de empréstimo
De acordo com os economistas, a alta da Selic irá influenciar o crédito dependendo do tipo de empréstimo buscado.
- Empréstimos sem garantias: empréstimo pessoal ou compras feitas no comércio de forma parcelada irão encarecer. Assim, as instituições bancáras tendem a ser mais seletivas, bem como tende-se a aumentar os juros devido as incertezas economicas e o aumento de inadimplentes;
- Empréstimos com garantias: financiamentos altos como o da casa própria e carro ou empréstimo consignado tendem a sofrer menos impacto dos juros, tanto com relação as taxas cobradas quanto na oferta de dinheiro;
- Cheque especial e cartão de crédito: terão um dos maiores juros. Inclusive, a oferta desses produtos financeiros já está sendo reduzida.
Como ficam os brasileiros em meio aos juros em alta?
Os juros estão em alta, não dá para negar e um bom exemplo disso é a inflação brasileira, que está afetando tudo, desde as contas básicas até a alimentação.
Por esse motivo, a alta na taxa básica de juros, a Selic, não fará tanta diferença assim no dia-a-dia dos brasileiros.
Isso porque os juros totais cobrados dos consumidores ainda são bem maiores que a taxa Selic atual.
Por exemplo, os juros do cartão de crédito chegam a 310% ao ano, enquanto que a Selic está em 2,75%.
Ou seja, mais do que nunca é importante pisar no freio e consumir com moderação, para evitar as dívidas.
Atualmente, cerca de 62 milhões de brasileiros estão negativados, com mais de uma conta em atraso.
Se não controlarmos nossas finanças, a tendência é entrar em um mar de dívidas, pois os juros irão virar uma bola de neve.
Por enquanto, a dica é gastar menos e poupar mais, para que após a crise se estabilizar possamos realizar nossos objetivos com sucesso.
Afinal, de nada adiantará se meter em um financiamento imobiliário com parcelas altas e em longo prazo, se com a atual crise podemos perder o emprego a qualquer momento, concorda?
Portanto, tenha em mente que a pandemia está exigindo medidas de restrição à atividade econômica.
O impacto no crédito é um bom exemplo dessa situação, ou seja, reduzir o consumo e guardar mais dinheiro!